Introdução
O Afeganistão é um dos países que mais sofrem com a violência extrema no mundo, tanto devido aos conflitos internos contínuos quanto ao controle de regimes repressivos. Desde a nova tomada do poder pelos talibãs em agosto de 2021, houve uma grave deterioração na situação dos direitos humanos no país, com mulheres, meninas e minorias étnicas e religiosas a tornarem-se as principais vítimas da opressão. O elemento islamista radical desempenha um papel central na configuração da violência no país, pois serve como justificação religiosa e política para graves abusos dos direitos humanos.
A História da Violência no Afeganistão
A violência no Afeganistão não é um fenômeno novo. Desde a invasão soviética em 1979, o país tem sido palco de guerras sangrentas. Após a retirada da União Soviética em 1989, eclodiu uma guerra civil feroz, que levou à ascensão dos talibãs ao poder em 1996. Durante o seu primeiro reinado (1996-2001), implementaram um regime islamista radical que aboliu quase completamente os direitos das mulheres, proibiu a educação para elas e usou punições brutais contra opositores políticos e minorias religiosas.
Após a derrubada do regime talibã pelas forças da coligação lideradas pelos EUA em 2001, criou-se a esperança de uma melhoria na situação dos direitos humanos e, especialmente, na melhoria do estatuto das mulheres. Durante cerca de 20 anos, as mulheres tiveram acesso à educação, participaram na política e foram integradas em vários setores. No entanto, com a retirada das forças estrangeiras e o regresso dos talibãs ao poder em 2021, estas conquistas foram anuladas e a situação deteriorou-se rapidamente.
Violência Contra as Mulheres
Com o regresso dos talibãs ao poder, eles reintroduziram políticas que discriminam as mulheres de forma radical. Foram impostas proibições à educação de meninas para além do sexto ano, foi-lhes proibido trabalhar em instituições governamentais e na maioria dos setores privados, e foi-lhes mesmo proibido viajar sem um acompanhante masculino. O sistema legal afegão hoje não oferece qualquer proteção às mulheres contra a violência doméstica ou outros ferimentos.
Muitas mulheres que participaram em manifestações pelos seus direitos foram presas, espancadas e encarceradas sem julgamento. Relatos de organizações de direitos humanos descrevem casos de raptos, torturas e execuções de ativistas feministas, especialmente em cidades como Cabul e Herat.
Perseguição de Minorias Religiosas e Étnicas
Os talibãs promovem uma ideologia sunita radical que exclui e oprime minorias religiosas como xiitas, hazaras, cristãos e hindus no país. A comunidade xiita hazara tem sido durante anos alvo de ataques terroristas por parte de grupos como o ISIS-Khorasan (ISIS-K) e os próprios talibãs. Escolas, mesquitas e centros populacionais dos hazaras foram alvo de ataques nos quais centenas de pessoas foram mortas.
O novo governo não oferece qualquer proteção a estas minorias. Pelo contrário, tem sido frequentemente relatado que as próprias forças de segurança dos talibãs estiveram envolvidas em limpeza étnica e ataques direcionados contra grupos minoritários.
O Impacto Destrutivo do Islamismo Radical
O elemento islamista radical desempenha um papel central na opressão da sociedade afegã. A ideologia salafista-wahhabita defendida pelos talibãs e seus semelhantes justifica graves violações dos direitos das mulheres, da liberdade de religião e da liberdade de expressão. Além disso, o seu regime usa o Islão como ferramenta de controlo político e militar, ignorando completamente interpretações mais moderadas da religião.
Os talibãs também educam a jovem geração para valores extremos, enquanto fecham muitas instituições educativas e as convertem em madrassas (escolas religiosas) que ensinam uma interpretação fundamentalista do Islão. Desta forma, garantem a continuação do seu domínio e impedem a criação de uma alternativa ideológica mais liberal.
Violência Contra Jornalistas e Opositores do Regime
Desde a nova tomada do poder pelos talibãs, a liberdade de imprensa desapareceu quase completamente. Jornalistas que publicaram conteúdo crítico foram espancados, presos e alguns foram mesmo executados. Muitos deles foram forçados a fugir do país. Hoje, os meios de comunicação no país são completamente controlados pelo regime e o conteúdo censurado impede qualquer crítica às ações do governo.
A Situação Internacional e a Resposta Global
Apesar do choque global com os acontecimentos no Afeganistão, a maioria dos países do mundo não tomou medidas práticas para impedir a opressão no país. Embora as organizações internacionais tenham expressado condenação pública, as ações concretas como sanções severas ou intervenção humanitária permaneceram limitadas. Os países ocidentais enfrentam um dilema: tentar pressionar o regime através de negociações e ajuda humanitária, ou cortar completamente o contacto e tentar exercer uma pressão externa mais forte?
Conclusões
O Afeganistão encontra-se atualmente num dos períodos mais negros da sua história. A violência sistemática contra mulheres, minorias e opositores do regime, juntamente com a educação extremista e a supressão dos direitos humanos, reflete o impacto devastador do islamismo radical no país.
Enquanto a comunidade internacional permanece em grande parte passiva, o povo do Afeganistão continua a sofrer sob um domínio tirânico implacável. O caminho para a mudança parece difícil e longo, mas a resistência interna e a luta de mulheres e minorias em condições impossíveis podem ser a única esperança para um futuro melhor.